Texto 2: Árvore Araúja
O Araújo contemporâneo entende ancestralidade tal qual os ocidentais a entendem, da forma como foram obrigados a entender: uma herança, um conceito quantitativo. Este entendimento é compreensível. Se a memória geral escravocrata é ainda tão poderosa e doída nas veias de cada negra e negro da diáspora africana, é de se imaginar que as memórias específicas sejam ainda mais doloridas. Mas nunca se esquece as bieiras em definitivo, elas permanecem abertas e densas; usamos algumas “químicas” para que elas se tornem indolentes. A memória do 2º holocausto em terras americanas – a 1ª foi a indígena –, por ser vulgar, possui seus segredos selados pela história que, enquanto disciplina, sempre será bárbara. Mas toda pessoa negra que decidir investigar sua história particular com certa minúcia, precisa ter em mente que as feridas que ainda estão abertas também devem ser vividas vertiginosamente. É esta a demanda.
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